Independente da fase ou do momento específico que uma organização atravessa, o comportamento da liderança é sempre decisivo.
Naquelas com resultados positivos e consistentes, o desafio dos líderes reside principalmente em garantir a manutenção do sucesso alcançado, protegendo e fortalecendo a sua posição competitiva.
Já no caso das organizações que estão com resultados insatisfatórios, o principal desafio consiste justamente corrigir a rota o mais rápido possível, reestruturando o negócio para que este consiga retomar o nível de desempenho necessário e ideal.
E, para isso ser possível, o comportamento da liderança é tão ou ainda mais determinante.
Neste breve artigo apresentamos 08 dicas que podem ajudar líderes e empresas atravessarem momentos desafiantes com velocidade e sucesso.
Admitir problemas geralmente é algo desconfortável contudo, em determinados momentos, quanto mais rápido fazemos isso, menores serão os impactos.
Prolongar o estágio de negação favorece a multiplicação dos problemas.
Se as vendas caíram, se o caixa começou ficar pressionado, se o endividamento cresceu, se um cliente importante foi perdido, se um fornecedor estratégico cortou o suporte, se um investimento não deu o retorno esperado ou se algum outro evento inesperado ocorreu, consentir que a situação não saiu como o previsto é uma sábia atitude.
Crises fazem parte do ciclo de vida das empresas e não há nada de desonroso em admiti-las.
Uma vez que a situação foi admitida é preciso concentrar a inteligência e a energia para reverter a tendência.
O resgate histórico tem seu valor e não pode ser desconsiderado, mas quem só olha para trás inevitavelmente terá um belo passado pela frente.
O concorrente, o ex-sócio, o funcionário, o fornecedor, o governo, os chineses, o câmbio, etc., todos podem ter contribuído em alguma medida para a construção das dificuldades atuais, mas responsabilizá-los não trará soluções a curto prazo.
Como já foi dito, crise é sinônimo de desequilíbrio, estresse, raiva e ansiedade. Ela tem uma força própria, capaz de frustrar, abalar e confundir as lideranças.
É inegável que impacta negativamente nas pessoas e no ambiente, criando uma atmosfera tensa e desconfortável.
Ocorre que enquanto o espírito de abatimento predominar, será difícil avançar.
Mesmo em um ambiente tumultuado e desafiador, um espírito equilibrado, pragmático, esperançoso e otimista precisa nascer.
É ele que ajudará reconquistar o que foi temporariamente perdido.
Priorizar o negócio significa adiar alguns objetivos pessoais no curto prazo.
Crise é sinônimo de caixa pressionado, com fluxo deficitário e/ou desajustado, logo, ele precisa ser administrado com maior zelo.
Comprar um carro importado, trocar de lancha, fazer uma viagem internacional, reformar a casa de campo ou ir para o carnaval carioca são exemplos de práticas desaconselháveis pois não transmitem uma mensagem compatível com o momento do negócio.
Claro que qualquer privação desta natureza não precisa ser eterna, mas enquanto a reestruturação estiver em curso, a moderação será uma grande aliada.
É necessário e oportuno fazer os seguintes questionamentos:
Podemos voltar a vencer neste negócio?
Vale a pena o esforço para consertar as coisas por aqui?
Se as respostas forem SIM (e normalmente são), será necessário atualizar a estratégia e fazer um novo e robusto planejamento.
E este conjunto de definições irão orientar as decisões durante o período de travessia.
A realidade agora é outra e o seu perfil de gestor terá de mudar de tradicional para gestor de reestruturação.
Enquanto o gestor tradicional é um navegador mais tranquilo, muito eficiente em águas calmas, que trabalha bem na existência abundante de recursos, que atua voltado para o crescimento, que monitora o negócio no nível macro, o gestor de recuperação precisa ser um especialista em navegação durante tempestades severas sendo principalmente, aquele que aguenta as pressões, aponta e direção, que vai junto (liderança pelo exemplo), cuidando das vendas, das margens e do caixa.
Por um tempo, o ritmo a rotina e os rituais precisam ser outros.
Se um bom plano foi feito, se ele tem premissas críveis, se as medidas emergenciais foram adequadamente traçadas, se elas atacam as verdadeiras causas dos problemas, é chegada a hora de colocar tudo em prática.
E o líder deve atuar também no nível tático (não só no estratégico) pois é ali que a boa execução é garantida.
A melhoria deve ser focada nos processos críticos do negócio (geralmente em marketing, vendas, operações e financeiro).
Leve todos os envolvidos a canalizar seus esforços nas 3 alavancas da recuperação que são:
a) aumentar as receitas;
b) reduzir custos e despesas;
c) reduzir o ciclo operacional e financeiro.
São eles que permitirão acompanhar a evolução de cada iniciativa e corrigir a rota no caso de desvios.
Tenha os números sempre à mão e decida baseando-se em fatos e dados.
O ideal é que cada gestor de área tenha os seus KPIs atualizados a cada dia.
Aperfeiçoar rotinas de acompanhamento de resultados é fundamental.
Enquanto a restruturação estiver em curso, entenda que é preciso evitar novos investimentos, buscando o lucro por meio dos ativos já disponíveis.
É inteligente conter o ímpeto empreendedor no sentido de evitar dispersões, mantendo o foco na venda saudável, nas operações, na geração e gestão do caixa, pois os recursos agora são escassos.
Omissão e procrastinação não podem ter espaço na agenda nesta fase de mudanças.
Obstáculos a boa execução devem ser removidos sem demora.
Por fim, é importante destacar que:
O dinheiro que a empresa precisa vem dos CLIENTES por meio do fechamento de BONS NEGÓCIOS e da execução das OPERAÇÕES com eficácia e eficiência.
Sem LUCRO ao final de cada dia, a recuperação não se materializa.
Reestruturação não é algo indolor. Nenhuma crise termina sem suor e sem algumas lágrimas.
Seja otimista, trabalhe e confie.
Praticamente todas as grandes companhias já passaram por momentos de desafios severos.
A sua é mais uma na lista e, com a sua competente liderança, ela também conseguirá esse importante feito.